O cinema brasileiro vive um momento de destaque internacional, com o longa "Ainda Estou Aqui" conquistando três indicações ao Oscar, um marco para o audiovisual nacional. A crescente visibilidade das produções brasileiras no exterior também será celebrada em 2025, quando o Brasil será o país homenageado no Marché du Film, evento realizado durante o Festival de Cannes, uma das maiores vitrines do cinema mundial. Esse reconhecimento, aliado ao sucesso de filmes como "Ainda Estou Aqui", reflete a força crescente do cinema nacional no cenário global.
O Marché du Film é um mercado estratégico onde profissionais da indústria cinematográfica de todo o mundo se reúnem para negociar, descobrir e promover filmes. Para Guillaume Esmiol, diretor-executivo do evento, a escolha do Brasil como País de Honra não poderia ser mais significativa. "Estamos entusiasmados em receber o Brasil, um país muito criativo, com uma indústria cinematográfica vibrante", comenta. "Observamos um aumento constante no número de profissionais brasileiros em Cannes nos últimos anos, chegando a 26% no ano passado."
Esse reconhecimento vem acompanhado de uma clara transformação na forma como o cinema brasileiro é percebido no exterior. Raphael Najan, ator com experiência no circuito internacional, celebra esse momento de visibilidade. "O cinema brasileiro sempre teve histórias potentes, mas agora estamos conseguindo ampliar esse diálogo e ocupar espaços que antes pareciam distantes", afirma. Ele lembra com orgulho de sua participação em "Jacaré", curta-metragem selecionado para a Competição Internacional do Festival de Clermont-Ferrand em 2024. "Foi uma alegria muito grande ter ajudado a contar uma história que fala sobre nossa gente e nosso lugar. Como diz Manoel de Barros: 'meu quintal é maior que o mundo'." Ele vê sua participação como um reflexo da nova fase do audiovisual brasileiro, onde nossas produções estão ganhando o mundo, representando nossa cultura de forma autêntica e inovadora.
Bárbara Reis compartilha da mesma perspectiva otimista. Para ela, o cinema brasileiro está aproveitando o momento para mostrar ao mundo sua força narrativa e identidade. "Estamos contando histórias que têm um impacto universal, mas que mantêm nossas raízes. Esse é um diferencial que atrai o olhar internacional", explica. Ela destaca que a diversidade de temas explorados nas produções nacionais tem sido um fator chave para aumentar o interesse do mercado estrangeiro.
A recente trajetória de "Ainda Estou Aqui", longa que vem conquistando destaque no circuito internacional, exemplifica essa visibilidade crescente. O filme, que foi bem recebido em festivais internacionais, fortalece a presença brasileira em um cenário cada vez mais competitivo. "Estamos em um momento de transição, enfrentando novos desafios, mas também colhendo muitas oportunidades", afirma Bárbara. "O cinema brasileiro nunca esteve tão preparado para ocupar o mundo."
Esse panorama positivo não é apenas uma reação ao sucesso momentâneo, mas o reflexo de uma indústria cinematográfica cada vez mais consolidada e otimista. Para Raphael Najan, o sucesso internacional das produções brasileiras impulsiona o desenvolvimento do setor no Brasil. "Quanto mais nos reconhecem fora, mais força e incentivo para nossa produção nacional. O Brasil tem uma cultura rica, e agora estamos mostrando isso ao mundo com mais intensidade", afirma.
Bárbara também vê o impacto do sucesso internacional no fortalecimento do mercado audiovisual no Brasil. "O sucesso das nossas produções vai aquecer os estúdios, as produtoras e todos os setores do audiovisual", explica. "A grande questão agora é como aumentar a profissionalização das pessoas que querem ingressar nesse mercado."
Ainda há desafios a serem superados, especialmente no que diz respeito à visibilidade e ao acesso dos filmes brasileiros em um mercado global saturado. "Furar a bolha", como diz Najan, continua sendo um obstáculo, mas com uma produção cada vez mais diversificada e relevante, a possibilidade de uma presença mais constante no cenário global se torna mais concreta.
O apoio das políticas públicas e os incentivos à cultura são essenciais para esse avanço. "O Estado tem um papel crucial na produção nacional", aponta Raphael. "Quanto mais incentivo, mais produções de qualidade e, consequentemente, mais projeção do nosso cinema no exterior."
Bárbara, por sua vez, sugere ações concretas para fortalecer essa visibilidade. "Devemos aplicar legislações que incentivem a presença de produções brasileiras no exterior, por meio de cotas e parcerias com produções estrangeiras", comenta. "Dessa forma, conseguimos quebrar as barreiras e garantir que o cinema brasileiro seja cada vez mais visto."
Com o Brasil como País de Honra no Marché du Film e em meio a uma temporada de crescente reconhecimento internacional, o futuro do cinema nacional parece promissor. As expectativas para a participação brasileira no Oscar são altas, e tanto Bárbara quanto Raphael estão confiantes de que o país vai colher os frutos desse momento de ascensão. "Estamos no hype", conclui Najan. "Torço muito para que voltemos com uma estatueta."
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