Como Vale Tudo bate recordes sem parar o país — e o que isso ensina sobre atenção, tecnologia e valor de marca

Na disputa cada vez mais fragmentada pela atenção do público, Vale Tudo alcançou um feito raro: tornou-se, em apenas três meses, a novela com maior faturamento comercial da história da Globo. Desde sua estreia em 31 de março de 2025, o remake já contabiliza 76 ações comerciais com 16 marcas. O impacto foi proporcional: mais de 125 milhões de pessoas já foram alcançadas pela trama, que lidera o Globoplay tanto em consumo sob demanda quanto na transmissão ao vivo.
O número impressiona porque os tempos são outros. Em 1988, a primeira versão de Vale Tudo foi o auge de uma época em que a televisão concentrava quase 100% da atenção do país. No capítulo do assassinato de Odete Roitman, Vale Tudo alcançou 81 pontos de audiência, com pico de 94. Nos intervalos, o caldo de galinha Maggi aproveitou o momento e perguntou ao público quem era o assassino. Até a revelação, no capítulo final, três milhões de cartas com respostas chegaram pelo correio. A ação garantiu à marca a liderança de mercado e virou referência no poder coletivo da comunicação de massa.
Hoje, esse tipo de comoção uníssona se tornou exceção. Mas a pulverização da audiência não reduziu o valor da comunicação — apenas mudou a forma de construí-la. A televisão perdeu centralidade, mas as marcas agora contam com tecnologias que permitem segmentar públicos, testar mensagens em tempo real, otimizar campanhas com base em dados e mensurar resultados com precisão. A atenção do consumidor está dividida, mas os caminhos para alcançá-lo nunca foram tão diversos — nem tão eficientes.
A inteligência artificial é parte central dessa transformação. Ela encurta o tempo entre uma tendência e a resposta criativa, permite gerar milhares de variações de uma mesma campanha e identificar rapidamente o que funciona com cada perfil de público. Modelos de IA não apenas produzem conteúdo, mas tomam decisões, otimizam recursos e personalizam experiências. A genialidade individual deu lugar à inteligência distribuída, construída entre dados, algoritmos e ciclos rápidos de experimentação.
Construir marca hoje exige agilidade, escuta ativa e domínio técnico. O branding já não depende de uma única grande ideia para funcionar, mas sim da capacidade de integrar ferramentas, dados e criatividade para gerar valor em diferentes pontos de contato. As empresas do futuro serão aquelas que conseguirem construir conexões genuínas e entregar valor com consistência. No remake de Vale Tudo, ninguém sabe ainda quem vai matar Odete Roitman. Mas já está claro quem entendeu como vencer no novo jogo da atenção.
Tiago Denardin (Chief Strategy Officer)
Cofundador e Chief Strategy Officer (CSO), é formado em Administração pela PUC/RS, com MBA em Marketing na Fundação Getulio Vargas e especialização em Business Education na Columbia University. É vice- presidente de Marketing da Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (FEDERASUL). Foi professor do curso de pós-graduação nos módulos de Gestão de Marca e Métricas Digitais na Unijuí. Atuou ainda como consultor do Sebrae/RS.
Tiago Denardin é cofundador e Chief Strategy Officer (CSO) da GH BrandtechSobre a GH Brandtech
A GH Brandtech é uma consultoria de marca e aceleração de crescimento de empresas, que une marketing e tecnologia para ajudar clientes a se tornarem líderes em seus segmentos, a partir de três verticais: Branding, Growth e Produtos Digitais. Já atuou em mais de 1.600 projetos em 15 países, conectando estratégia, branding e tecnologia para scale-ups e grandes companhias. Fundada em 2007, tem escritórios no Brasil (Rio Grande do Sul e São Paulo) e nos Estados Unidos (Califórnia). Para saber mais, visite ghbranding.com.br ou siga GH Brandtech no LinkedIn.
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