A quebrada não é estética, é ideologia: reflexões sobre a representação periférica no The Town
Engenheira Camila Santos comenta reducionismo estético e defende valorização estrutural da potência criativa das periferias
O debate sobre como a periferia é representada em grandes eventos culturais ganhou força após a realização do The Town. Para a engenheira Camila Santos, a forma como a quebrada foi retratada no festival reforça uma visão estética e superficial, deixando de lado sua dimensão ideológica, criativa e transformadora.
“O Palco Quebrada mostrou que a potência existe. O desafio é dar estrutura para que essa potência ocupe o centro”, afirma Camila, ressaltando que não basta criar espaços isolados, mas garantir que artistas, produtores e profissionais periféricos tenham condições reais de ocupar grandes palcos e circuitos culturais.
Segundo ela, a representação precisa ir além da montagem de cenários que evocam favelas de forma caricata. “Não basta montar um cenário de favela. É preciso entender que a periferia é diversa, criativa e responsável por inovações que transformam o país”, completa.
A reflexão proposta por Camila Santos provoca gestores, produtores culturais e empresas a repensarem seus papéis: se a quebrada já mostrou sua potência, cabe agora abrir caminhos para que essa força seja protagonista em centros decisórios e criativos.

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