Camila Márdila celebra 10 anos de carreira no cinema nacional com estreia na direção do curta-metragem Sandra, selecionado para o Festival do Rio

O momento também contempla as estreias de "Ângela: assassinada e condenada", série da HBO sobre Ângela Diniz, e do filme "A Natureza das Coisas Invisíveis", de Rafaela Camelo

Theo Doré
Bastidores das filmagens de Sandra - Leona Jhovs e Camila Márdila


Camila Márdila comemora uma década de carreira no audiovisual brasileiro desde a estreia em “Que Horas Ela Volta?, de Anna Muylaert, com um passo inédito: o primeiro curta em que assina como diretora e roteirista. Sandra foi selecionado para a mostra Première Brasil Novos Rumos do Festival do Rio e marca um novo capítulo em sua trajetória. O desejo de dirigir acompanha Márdila desde o início da carreira e a inspiração para Sandra veio de uma experiência pessoal. Ela sofreu um trote em um hotel e percebeu que a pessoa que falava com ela talvez pudesse conseguir vê-la dentro de seu quarto. “Aquele acontecimento ficou guardado em mim como uma cena, e eu quis escrever uma história que refletisse um pouco do que senti”, conta. Escrito durante a pandemia, o roteiro mergulha no universo corporativo para explorar a tensão entre o discurso de metas e alta performance em relação às complexidades que atravessam nossa vida íntima o tempo todo.

"A personagem-título, vivida por Leona Jhovs, foi concebida para traduzir esse conflito: uma mulher atravessada por pressões externas que, após o trote, manifesta comportamentos que escapam ao controle. “Eu quis investir no mistério como via de emancipação dessa mulher em constante vigilância sobre si”, comenta Márdila. “Deixar o espectador intrigado com o que está se passando na cabeça dela e romper com as possíveis projeções é um tipo de rebeldia diante da objetificação a que nós, mulheres, ainda somos submetidas através do olhar do outro.”, conclui a diretora.

Realizado de forma independente, em coprodução com Gabriel Bortolini, Sandra combina tensão, suspense e uma via de humor que aposta no constrangimento — registro que Márdila já havia explorado no teatro e que admira em outras diretoras. “Queria mostrar o choque entre os discursos genéricos de autoajuda e a realidade íntima de quem está em crise”, afirma.

Ainda nesse ano, Camila tem outras duas estreias significativas. Na televisão, está no elenco de Ângela: assassinada e condenada, série da HBO dirigida por Andrucha Waddington que estreia em 13 de novembro. Márdila interpreta Lulu, personagem criada a partir de um mosaico de várias amigas Ângela Diniz. É uma mulher “boa vivant”, festeira, solteira e livre. A série é inspirada no podcast “Praia dos ossos”, da Rádio Novelo, que conta a história da socialite brasileira assassinada por seu namorado em Búzios, no Rio de Janeiro, na década de 70. 

No cinema, vive a personagem Simone, uma mulher que é mãe solo, sobrecarregada pelos cuidados com a filha e a avó doente no longa A Natureza das Coisas Invisíveis, de Rafaela Camelo. O filme estreou na Berlinale, venceu três Kikitos em Gramado e chega às salas brasileiras em 25 de novembro.

Reconhecida internacionalmente pelo papel em Que Horas Ela Volta?, de Anna Muylaert — que lhe rendeu prêmios de melhor atriz no Festival de Sundance e no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro —, Márdila transita entre cinema, teatro e televisão. Ela acaba de filmar Véspera, um original HBO adaptação do livro de Carla Madeira, que protagoniza ao dar vida à personagem Vedina; a estreia é prevista para 2026. Seu currículo nos cinemas inclui o premiado no Oscar 2025 Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, Carvão, de Carolina Marcowicz, Meu Nome é Gal, de Dandara Ferreira e Lô Politi, A Vilã das Nove, de Teo Poppovic, entre outros. Na televisão, esteve em produções como as séries Senna (Netflix), Justiça (Tv Globo), Onde Nascem os Fortes (Tv Globo), Bom Dia, Verônica (Netflix) e a novela Amor de Mãe (Tv Globo).

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