Nando Reis fala do vínculo profundo com Vange e Cilmara Bedaque revela a fonte de inspiração de “Noite Preta” na primeira roda de conversas da #InvasãoVangeLeonel
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O produtor Rodrigo de Araújo, Nando Reis, Cilmara Bedaque e o jornalista Pedro Alexandre Sanches, em roda de conversa na #InvasãoVangeLeonel, na SP Escola de Teatro
Foto: Lu de Francesco |
No primeiro dia das rodas de conversa da #InvasãoVangeLeonel, a poeta, compositora e jornalista Cilmara Bedaque, o músico Nando Reis e o jornalista cultural Pedro Alexandre Sanches fizeram um voo rasante sobre a história musical de Vange Leonel, desde a participação na banda adolescente de reggae Os Camarões ao lado do primo Nando, na virada dos anos 1970 para os 1980, até o manifesto feminino e feminista independentre Vermelho, concebido ao lado de Cilmara e lançado em 1996.
“Sou primo-irmão da Vange. A mãe dela, tia Leninha, é irmã da minha mãe, Cecília, e nós nascemos no mesmo ano, 1963, eu em janeiro, ela em maio. Éramos uma espécie de almas gêmeas”, revelou Nando Reis. “Crescemos juntos, e a parte profissional das nossas vidas, que começou nos Camarões, é a continuidade natural de uma relação única, de interesses trançados dela e meus.” Nando relembrou a participação dos Camarões no Festival da Feira da Vila Madalena, em 1981, com uma canção composta por Vange, “O Cheiro da Beterraba”.
Entre gargalhadas, Cilmara contou como conheceu Vange, em meados dos anos 1980: “Tínhamos amigos em comum, Nando entre eles, a conheci e depois de um tempo começamos a namorar. Olha que simples! Logo começamos também a trabalhar juntas, e a compor juntas”. O encontro, ela explicou, se deu quando Vange gravava o primeiro e único álbum lançado à época à frente da banda roqueira pós-punk Nau: “Quando esse disco começou a ser gravado eu já estava com Vange. Já estava no estúdio junto com ela e os meninos. Logo depois começamos a compor juntas, e de certa maneira também entrei no Nau, que teve um segundo álbum que a gravadora, na época CBS, não quis porque achou meio pesado. A gente sempre ouviu isso: pesado”. O que seria o segundo trabalho da banda permaneceu inédito e foi resgatado em 2018, com o título O Álbum Perdido do Nau, lançado virtualmente pela gravadora Deck.
Também crítico musical, Pedro Alexandre Sanches comentou o impacto do primeiro álbum solo de Vange, lançado em 1991 com produção de Nando Reis e Charles Gavin, músicas em parceria com Cilmara Bedaque e tendo como carro-chefe o hit “Noite Preta”, alçado de última hora por José Bonifácio Sobrinho, o Boni, a tema de abertura da novela global Vamp.
“Nesse momento de encontro com Nando, a coisa fica um pouco diferente, entram programações eletrônicas. Esse disco foi uma espécie de preparação para uma década de pista de dança e noite que seriam os anos 1990”, disse o jornalista. “Depois, ela voltou ao rock mais básico e fez um grande manifesto feminino e feminista com Cilmara, Vermelho.”
Cilmara Revelou a fonte de inspiração para “Noite Preta”, que nada teve a ver com o aproveitamento futuro como tema de vampiros da Globo: “Eu tinha feito essa música com Vange em Copacabana, num hotel em frente para a praia, quando colocaram luz em Copacabana. É simplesmente isso, eu estava de frente para a praia de Copacabana, colocaram luz, cadê a noite preta?”.
A programação das rodas de conversa prossegue nesta quarta, com a Vange escritora, romancista e dramaturga teatral, e na quinta, abordando a Vange ativista feminista e lésbica.
Mais sobre as rodas aqui.

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