CURA Macro entra na fase final com entrega do maior macromural do Brasil, assinado pelo coletivo indígena MAHKU
Projeto realizado pelo Instituto CURA integra a pintura de cerca de 100 casas em comunidades de Nova Lima
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| Foto Bruno Figueiredo |
Nova Lima se prepara para receber oficialmente o maior macromural do Brasil — e uma das mais potentes ações de arte pública já realizadas pelo Instituto CURA. Em fase final de execução e previsão de entrega ainda em novembro, com curadoria de Janaina Macruz e Priscila Amoni, o CURA Macro se consolida como um marco artístico e social que transforma a paisagem da comunidade e o cotidiano de seus moradores. Cerca de 100 casas foram pintadas e integram a composição do mural, que ocupa os bairros Vila São Luís, Monte Castelo, Vila Marise, Morro das Pedrinhas, Cascalho e Montividiu, formando uma gigantesca tela viva visível a grandes distâncias.
A pintura é assinada pelo MAHKU (Movimento dos Artistas Huni Kuin) — coletivo indígena do Acre que vem conquistando reconhecimento internacional, com passagens por instituições como MASP, Pinacoteca, Fondation Cartier e Bienal de Veneza. A presença do grupo no projeto amplia o alcance do CURA para além das fronteiras urbanas, estabelecendo uma ponte entre a floresta e a cidade, entre o sagrado e o cotidiano.
Segundo Janaina Macruz, uma das fundadoras do Instituto CURA, o momento representa um marco: “Estamos muito felizes com este momento em que o CURA deixa de ser um festival e passa a ser um movimento de arte pública. O macro mural consolida essa nossa missão de impacto econômico, social, turístico — e amplia nossa atuação. É um projeto de grande amplitude e profundidade, que chega na comunidade, envolve as pessoas, gera impacto econômico e educativo, forma equipes e profissionais que agora têm currículo e experiência. E tudo isso em diálogo com a arte contemporânea mundial", conta.
“Quando a gente traz o MAHKU, estamos falando de um coletivo indígena com a força da floresta, de um povo originário do Brasil, mas que também é muito contemporâneo. É uma arte que está nas maiores mostras do mundo, e agora está também nas casas e muros de Nova Lima. Isso é muito potente: é o encontro da arte ancestral com a cidade”, completa Priscila Amoni, também idealizadora do CURA. O MAHKU traduz e transforma os cantos huni meka em imagens, pinturas que funcionam como pontes em direção ao mundo não indígena. Em parceria com a Carmo Johnson Projects, o coletivo apresenta pinturas de Ibã Huni Kuin, Acelino Sales, Cleiber Bane, Cleudon Txana Tuin, Pedro Maná, Kássia Borges, Yaka Huni Kuin e Rita Huni Kuin.
Ibã Sales hunikuin, coordenador do Mahku, comenta sobre os significados do trabalho para o coletivo: “A pintura partiu de uma música de cura que o coletivo escolheu. Um canto do espírito da floresta, da língua hunikuin, transmutado pelas pinturas coloridas. As casas ficam mais seguras com a força dos encantos da floresta. Qualquer pintura não, é pintura muito sagrada, pintura espiritual, espírito da floresta vivo, que protege nossa saúde, nossa paz — é isso que as comunidades recebem”.
O CURA Macro é mais do que uma pintura. É uma ação de regeneração urbana e pertencimento, que valoriza o território e transforma a relação das pessoas com o espaço em que vivem. Cada casa foi tratada como uma obra individual — dos muros laterais aos telhados — compondo um mosaico coletivo que só se revela por completo quando visto de longe. O processo envolveu desde a preparação estrutural dos imóveis até o reboco e pintura, em uma ação que alia técnica, cuidado e escuta. Foram mais de 500 pessoas impactadas diretamente, entre moradores, pintores, produtores e parceiros locais. É sobre transformar o território junto com quem vive nele.
Instituto CURA - um projeto consolidado
Criado em 2017, o CURA se tornou referência em arte pública na América Latina, e hoje atua como Instituto CURA. O projeto já realizou nove edições de festivais em Belo Horizonte e duas em Manaus, com um legado que soma na pintura em grande escala de 35 empenas de edifícios (14 no Mirante Sapucaí, 13 na Raul Soares, 4 no bairro Lagoinha e 4 em Manaus). Dessas, a representatividade é marcante: 16 empenas assinadas por mulheres; 8 empenas indígenas. Os números incluem, ainda, 12 murais, uma pintura de chão indígena, 6 instalações urbanas, uma fachada de lambe, 3 exposições individuais e uma residência artística.
Em uma curta trajetória, o CURA consolidou uma forma singular de produzir cidade: a partir do pertencimento, da convivência e da participação coletiva. Ao longo dos anos, transformou horizontes com murais monumentais e expandiu sua atuação para práticas que unem esporte, música, performance, cuidado e memória.
CURA Macro Nova Lima
Realização: Instituto CURA
Parceria: Patrimônio Cultural de Nova Lima e Prefeitura de Nova Lima
Apoio: Plataforma Semente | Ministério Público de Minas Gerais
Mais informações:
Instagram: @cura.art
E-mail: cura@cura.art

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